A sedutora

— Ontem cheguei em casa, tinha uma cesta com bolo e café para mim.

— Que bom! Se uma mulher te oferece algo, você aceita.

— Para ela me manipular? 

— Como assim, cara?

— Na semana passada, quando cheguei em casa, ela me chamou de fofo.

Seu amigo riu.

— Pois é! Olhe para mim. Sou tão magro que meus ossos chegam a ser salientes. Como ela pode me chamar de fofo?

— Talvez ela quisesse apenas te agradar.

— Mas eu nunca gostei de mulher desse tipo — disse colocando a mão na cintura e piscando repetidamente, tentando fazer um estilo sedutor.

O amigo gargalhou como se estivessem fazendo cócegas nele.

— Você acha isso engraçado? Vou te contar mais uma coisa que aconteceu e que até agora eu não sei o que pensar. Outro dia cheguei em casa, ela estava no quarto e me chamou. Assustei-me, mas fui até lá. Quando entrei a vi vestida de femme fatale, esparramada na cama, fazendo caras e bocas.

— Pelo que percebo você está sendo neurótico e exagerando. O que há de errado com isso? Você a conhece e sabe que ela não é assim. Ela é sua mulher e te ama.

— Não! Estou falando da minha vizinha. Aquela louca desvairada!

Nilsa M. Souza

Publicado na Revista RMC

Leave a comment